segunda-feira, 26 de maio de 2014

Primeiras implantações da arquitetura e do urbanismo no período colonial.

Com o processo de independência política no século XIX, a arquitetura sofreu modificações e o estilo começou a entrar em transição. Portanto, a arquitetura colonial passa por mudanças e começa a ser substituída pelo Neoclássico (arquitetura do primeiro e segundo Império). No fim do século, após a Proclamação da República, o Ecletismo passa a ser o estilo dominante.

Relação entre a arquitetura e o urbano


Uma característica importante da arquitetura nesse período é sua inserção urbana, a relação que há entre a edificação e o lote. Há uma interdependência entre ambos que procura satisfazer as solicitações que lhes são submetidas, e essa é uma relação entre espaço público e privado.

Durante o período colonial, a arquitetura residência possui um estilo bem definido e que era baseada em tradições arquitetônicas e urbanísticas de Portugal. As residências eram erguidas sobre o alinhamento das vias públicas e as paredes laterais sobre o limite do terreno. Isso mesmo, não existia calçada! A rua era resultante do traçado de união das edificações.

Figura 01: Implantações de residências do período colonial.
Fonte: Garfos e Quartos

Além da implantação no lote, as residências apresentavam fachadas e plantas baixas parecidas (iguais, bem dizer!!). A sequência era basicamente: Sala/loja na frente, alcovas, sala de viver e cozinha. Esses ambientes eram ligados por um corredor longitudinal que conduzia da rua aos fundos do lote e que geralmente se apoiava nas paredes laterais (ou no centro da planta, em exemplos maiores). A coberta era sempre com duas águas, uma caindo sobre a rua, e a outra, nos fundos do lote.

Figura 02: 1-Loja | 2-Corredor | 3-Salão | 4-Alcovas | 5-Sala de viver | 6-CozinhaFonte: Quadro da Arquitetura no Brasil, p. 29.
Figura 03: Perspectiva sobrado colonial.
Fonte: Quadro da Arquitetura no Brasil, p. 29.

Os principais tipos de habitação eram o sobrado e a casa térrea. O nível de poder aquisitivo das famílias era medido através de sua casa: morar em sobrado, significava que a família tinha dinheiro (abastada), morar em casa térrea era para famílias mais pobres. Contudo, a maior diferença entre as duas estava no tipo de piso, enquanto no sobrado o piso do pavimento superior era de assoalho, o da casa térrea de chão batido. Vale ressaltar que nos sobrados, as famílias ocupavam o pavimento superior, o térreo era destinado para lojas ou escravos e animais.

Figura 04: "Interior de uma casa do povo baixo"Fonte: Museu Casa de Alcântara















Figura 05: Casa dos Contos. Interior do sobrado.
Fonte: Arqui Brasil























1800-1850

a No começo do século XIX poucas foram as alterações em relação ao modelo arquitetônico e urbanístico do século passado. Contudo, começam a acontecer influências Neoclássicas e tímidas modificações nas fachadas.
Com a abertura dos portos, o Brasil integrou-se ao mercado mundia. Isso possibilitou a importação de equipamentos que contribuíram para a alteração de fachada (agora as louças vindas da cidade do Porto, Portugal, complementava as fachas e começou-se a utilizar a platibanda), o vidro começou a substituir as urupemas e gelosias principalmente na bandeira das portas.

Figura 06: Sobrados no Recife antigo.
Fonte: Jornal Lo Cotidiano
A casa de porão alto surgia para representar a transição entre os sobrados e casas térreas. Começavam a surgir os primeiros passeios públicos também, todavia, foi necessária foi necessário chegar no meio do século para conseguir mudanças significativas.
Figura 07: Residência de porão alto.
Fonte: Resaguiar.

1850-1900

            O início da imigração europeia e a decadência do trabalho escravo, o trabalho passa a ser remunerado e as técnicas construtivas aperfeiçoadas. Junto a isso, tem início uma nova forma de implantação para a casa urbana: afastada dos vizinhos e com jardim lateral.
            Agora, sob influência do ecletismo, as novas residências romperam a tradição e começaram a exigir modificação no tipo de lote. Nessa época, iniciaram-se as primeiras instalações hidráulicas (ainda bastante primárias) e o serviço braçal passou a ser bem menos utilizado. Quanto a nova implantação: consistia em recuar o edifício dos limites laterais, porém, ainda alinhado com a via pública (normalmente, o recuo era em apenas um dos lados). Em casas maiores, começou-se a conhecer novas possibilidades de ventilação e iluminação, até então desconhecidas. Nas casas implantadas em lotes menores, a solução foi a utilização de poços de iluminação (graças ao avanço da tecnologia das calhas, que permitia controlar o fluxo da água). Mas, em geral, ainda preservava-se o mesmo tipo de planta.

Figura 08: 1-Sala de visitas | Sala de jantar e estar | 3-Alcovas | 4-Pátio para iluminação e ventilação | 5-Cozinha | 6-Banheiro | 7-Dormitório para criada.
Fonte: Quadro da Arquitetura no Brasil, p.49.
Figura 09: Casa com porão alto e jardim lateral.
Fonte: O Quadro da Arquitetura no Brasil, p. 45.
Figura 10: Casas menores com pequena entrada descoberta e portão de ferro.
Fonte: Quadro da Arquitetura no Brasil, p. 47.
           Com o avanço das técnicas construtivas, as casas começaram a serem construídas com tijolos e as janelas, portas e beirais apresentavam melhor acabamento. As mudanças foram resultados de um processo lento e iria, cada vez mais, confirmando a importância de reservar porções sempre maiores de espaços externos entre os limites do lote e o edifício. Ao final do século XIX, podia-se considerar completa a primeira etapa da libertação da arquitetura em relação aos limites dos lotes.

Referências

Figura 02, 03, 08, 09 e 10 - GOULART, Nestor. Quadro da Arquitetura no Brasil. Editora Perspectiva, 9ª edição.
Figura 05 - http://arquibrasil.wordpress.com/arquitetura-colonial/ (acessado em:                26.05.2014)

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